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Escrita Mágica

Frater Vameri




Imagem de Anja para Pixabay


Nem sempre é fácil sentar em frente ao computador para escrever um artigo. Afinal, requer tempo, alguma dose de inspiração e um tempo mais abstrato que é difícil de ser contabilizado, que é aquele no qual nos dedicamos à leitura, estudo e práticas. São necessárias várias competências para se elaborar um artigo e é preciso algum grau de maturidade para se redigir um artigo original e bom. É óbvio, portanto, que nem sempre consigo atingir o nível de qualidade que acho ideal. Isso poderia me frustrar, mas ao compreender a escrita como um ato mágico, a coisa muda de figura.


A linguagem e o raciocínio pedem ordenações e abordagens. O que isso quer dizer? Na prática, quer dizer que é preciso desenhar (mesmo que seja mentalmente) o que será escrito e como será escrito. Não que isto requeira planejamentos extensivos, já que pode ser até algo quase intuitivo, mas é um processo que está lá e que acontece. Não pode ser ignorado. Assim, simplesmente jogar letras aleatórias no papel e ideias randômicas não fará jamais um texto. Digamos que as letras sejam colocadas em palavras e as ideias em uma determinada ordem, ainda assim faltará coesão e faltarão conexões. Ou seja, escrever requer uma determinada ritualística.


Encaro escrever para o site da OTOA-LCN como parte ritual e parte diário mágico. Pode parecer estranho, mas pelos textos que escrevo (embora eu esteja certo de que não fica óbvio para ninguém) coloco questões particulares. Então, sim, escrever é um ato mágico e é um ritual que traz transformações.


Acredito que um dos maiores sinais de maturidade de um praticante de magia seja quando ele consegue (sem paranoias) viver a magia como um aspecto estruturante e indissociável de sua vida. Isso, claro, não quer dizer (e não quer dizer apenas) fazer rituais elaborados todos os dias e meditar durante horas se equilibrando em um pé só. Apesar de existirem técnicas importantes, ser um exímio técnico não fará ninguém ser um mago, pois é preciso mudança na consciência, no ponto de vista e na maneira de se encarar as coisas.


Ou seja, escrever estes artigos que bem podem ser considerados feitiços é um ato estruturante para mim. Parte fundamental da minha prática e da minha vida. Como eu já alertei, nem sempre é fácil. Entretanto, até quando se pede de um postulante que ele faça o mais simples dos exercícios diariamente, é sabido que ele falhará. Então, eu aqui também falho, mas minhas falhas são lenha para nova fogueira. É com esse fogo que eu me renovo.


Ora, mas este artigo não é um mero desabafo. Na verdade, ele é um incentivo. Aos leitores deste site gostaria de oferecer a seguinte sugestão: escrevam. Escrevam vez ou outra como se fosse um ritual. Ordenem, construam, pensem no resultado e em como chegar nele. É evidente que há magia em tudo, por isso, escrevam magicamente.



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