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Conhecendo os Lwas

Frater Vameri



Fotografia por Les Stone.



Só há uma maneira de conhecer os Lwas e vou entregar bem diretamente, de maneira que quem quiser (honestamente) pode parar o texto por aqui – essa maneira é na prática. Na vida. Eu vou tentar explicar brevemente a razão disso em um artigo curto. Se restou alguém, siga comigo.


Por mais que estudemos sobre o Vodou de um ponto de vista acadêmico e que isso seja importante, o conhecimento que pode ser transmitido pela via escrita e oral é limitado. A primeira barreira é a transposição da experiência para uma descrição – dificílima. A segunda é a limitação de quem transmite - variável, mas sempre existente. A terceira é a limitação de quem recebe – também variável, mas também sempre presente. Rapidamente vemos que há três pontos críticos importantes aí que devem ser considerados. Logo, só há uma maneira de quebrar algumas dessas barreiras – vivendo a experiência.


Ao viver a experiência nos sujeitamos a sentir e a lidar com o inesperado. Assim, somos forçados a construir nossos próprios entendimentos. Com isso não quero dizer que vale qualquer coisa, mas que as coisas são muito mais amplas do que sugira qualquer descrição. Por exemplo, vamos pegar Erzulie Dantor. Qualquer livro de Vodou – qualquer um mesmo – irá fornecer uma descrição de Erzulie Dantor. Entretanto, cairá numa armadilha aquele que entender que Dantor seja o que está no livro. Para conhecer Dantor, é preciso servir Dantor. Só assim ela se revelará.


Quando escrevo essas palavras espero que fique claro também que tal revelação e que tal conhecimento será construído ao longo do tempo. Não há recompensa imediata nesse sentido. Não é possível acender uma vela para um espírito na quinta e saber tudo sobre ele na sexta. E estejam preparados: nem sempre o que está nos livros será confirmado na sua experiência. Os espíritos se apresentam de maneiras ligeiramente diferentes para cada um e em cada casa – não há homogenia nesse contexto.


Portanto, mil livros não darão a ninguém certas chaves e certas respostas. Porém, velas e oferendas e um trabalho sincero conseguirá abrir determinadas portas. E o que e quem regula a sua relação com um Lwa? Ora, mas a resposta está justamente nos atores dessa relação.


Sinto-me forçado a reforçar: isso não desvaloriza o conhecimento teórico. Ele é importante e deve ser buscado. Entretanto, fazer Vodou não é ler livros sobre Vodou. Assim como nadar não é ver um vídeo de youtube da competição olímpica.


Talvez você que esteja lendo não tenha interesse em viver essa experiência específica com os Lwas e encare esses textos aqui mais como uma curiosidade divertida. Tudo bem, claro. Entretanto, o recado serve para qualquer espiritualidade. Principalmente para aquelas que envolvem interações com espíritos.


Este texto também conversa com esse aqui:

https://www.otoa-lcn-brasil.com.br/post/viver-o-vodou

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