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Um pouco sobre Ogou

Atualizado: 18 de mai. de 2021

Frater Vameri

Ogou Badagri por Pierre Andre


No Vodou Haitiano, os Lwa Ogou são considerados espíritos Nago que representam a fúria e a guerra. Eles se apresentam como guerreiros formidáveis e também são ferreiros e adoram beber rum. Claro que isso é uma simplificação exagerada ou uma generalização daqueles Lwa e há muitas cores na paleta dos Ogou. Essa infinidade de características pode ser confusa, mas também podemos encontrar clareza nela.

Quando o povo Nago foi trazido à força à ilha de São Domingos, eles trouxeram seus orixás e seus costumes. Como é conhecido em todo processo de formação de religiões de ascendência africana, a nova terra e todas as interações entre os diferentes grupos étnicos deram origem a novas interpretações da herança africana. Isto deu novas caras aos espíritos Nago, identidades únicas que só são encontradas no Vodou Haitiano.

O livro “Les Espirits du Vodou Haitien”, de Ackermann, Gaulier e Monplaisir, afirma que os Ogou são espíritos da Nigéria que representam fogo, ferro e juramentos. Esse é um conjunto curioso de atribuições, mas quando paramos para pensar melhor sobre elas, fazem sentido. O fogo derrete o ferro e o ferro derretido pode ser forjado. Assim, homens e mulheres também são forjados pelo calor da vida e endurecidos ou moldados em outra coisa. Aqui entra o juramento que tempera a pessoa e a torna inquebrável. Ou seja, em uma breve exploração já é possível perceber que os Ogou são muito mais do que simples combatentes. Eles são espíritos fundamentais para todo o arcabouço do Vodou, principalmente, por sua contribuição na “forja” dos servidores dos Lwa.

Ackermann, Gaulier e Monplaisir também nos dizem que os Ogou são patronos de ferreiros, guerreiros e fazendeiros. A partir disso, podemos entender que todos que lidam com ferramentas e aprimoramento de ferramentas (o que podemos chamar de tecnologia de certa forma) estão nos domínios dos Ogous. É o caso de pensarmos: os Ogou são os espírtos, de certa maneira, por trás de um longo processo por qual vem passando o mundo ocidental.

Milo Rigaud declara em seu livro sobre Vevés que os Ogou são espíritos de fogo e água. Esta combinação pode parecer estranha. Entretanto, ela concorda com o que já foi dito. Lembremos que é a água (ou o óleo, mas um líquido) que tempera o ferro na forja. Sem esse elemento aquoso, as ferramentas e armas não atingem seu ponto ideal. Portanto, não surpreende que os Ogou também tenham qualidades de água.

Dizem que Ogou é o rei do Vodou e isso começa a se encaixar. Somente um rei digno pode formar pessoas fortes, e Ogou possui todas as ferramentas para fazê-lo.

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